terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Olhares

Olhares: "

O mundo, como eu o vejo.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

TRADIÇÕES

Vou pedir licença para Walcyr Carrasco e iniciar meu texto com o primeiro parágrafo da belíssima crônica que escreveu para a Revista Veja do dia primeiro de dezembro passado: “Sou apaixonado pelas pequenas tradições. Gosto de levar flores quando visito alguém pela primeira vez. Adoro bolo de casamento. Por maior que seja o regime, eu me atiro nos brigadeiros e línguas de sogra das festinhas infantis. Natal tem de ter árvore com bolas e luzinhas coloridas. E, como em todos os anos, acabo de montar a minha.”
Assim como esse conceituado autor de novelas, também gosto muito de pequenas tradições e coincidentemente as referidas por ele, são também algumas das minhas. Mas além dessas, tenho outras.
Uma das tradições que herdei de meus pais é ir aos domingos na Praça da República ouvir a centenária Banda Carlos Gomes tocar. Quando eu era pequena, isso era um rito sagrado em casa, assim como ir à missa. Domingo sem missa, não era domingo; sem banda, também não. Íamos a pé ao Jardim de Baixo e eu e meu irmão Mir fazíamos aquilo que até hoje as crianças fazem: rodar em volta do coreto ao som da nossa mais tradicional agremiação musical. Quando meus filhos eram pequenos, a tradição continuou. Por muitos anos. Hoje, com os filhos crescidos, eu e meu marido ainda temos o costume de ir de vez em quando, ouvir a banda tocar. Nós nos sentamos em um banco e ficamos conversando, trocando idéias, recordando o tempo em que namorávamos ali, assim como muitos casais o fizeram, fosse qual fosse a estação do ano. E ouvindo aquele centenário som, voltam na memória todos aqueles alegres momentos que ali passamos com nossos pais, com nossos filhos, uma tradição que desejamos, possam nossos filhos repetir com seus filhos. A banda é um patrimônio da cidade e assim deve ser tratada, cuidada e prestigiada.

Outra tradição que cultivo e recebi de herança é visitar parentes. Quando eu era pequena, minha avó me levava nos domingos de manhã para a casa do nono, o pai dela, para pedir a bênção. Eu também ia com ela visitar as suas irmãs, suas cunhadas, suas comadres e talvez por isso saiba de tantas histórias sobre nossa família, os Munerato. Meu pai também gostava muito de pegar nosso DKW azul e sair com a família, aos domingos, para visitar a parentada. Fomos muitas vezes fazer visitas à mãe dele, às suas irmãs em Lins, ao irmão no Rio de Janeiro e aos parentes da minha mãe que moravam em Iguatemi, Piratininga, Nova Europa. Sempre que posso faço uma visitinha para os integrantes da minha família e da do meu marido. Existe coisa mais gostosa do que sentar com a tia e relembrar tudo de bom que aconteceu em nossas vidas? Tem alegria maior do que rir muito com os primos lembrando os momentos que passamos fazendo traquinagens? Há momentos melhores do que tomar um cafezinho com os irmãos e a mãe, jogando conversa fora? E que delícia é visitar os parentes do marido e saber de histórias da família!

Uma tradição que herdei de meus pais é cultivar, apreciar e prestigiar as coisas de Jaú. Só para dar um exemplo, na casa de meus pais, nos almoços de domingo, nunca faltou refrigerante XV. Mesmo depois do advento da Coca Cola, continuávamos degustando o autêntico gostinho jauense, que faz sucesso até hoje. Sempre preferimos lojas, profissionais de saúde, escolas da cidade. Hoje também damos preferência a produtos e serviços da cidade, pois aqui há em todas as áreas excelentes profissionais e empresas especializadas. Além daqueles que manufaturam seus produtos quase que artesanalmente. No casamento de minha filha Juliana, dos convites aos bem-casados, foi tudo autenticamente jauense.

Para que buscar fora o que temos aqui? Por que não prestigiar o que é nosso? Jaú tem tudo de bom que a gente precisa. É só procurar, que a gente acha.
Albert Einstein disse certa vez que “além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos.“ Quem somos nós para contestar esse gênio da humanidade?