domingo, 1 de agosto de 2010

Cemitério tem escultura assinada pelo artista italiano Eugênio Prati

Júlio Cesar Poli é um pesquisador e defendor do patrimônio histórico de Jaú. Ele desenvolve um trabalho muito importante no levantamento e divulgação da arte cemiterial da cidade, fazendo visitas guiadas para mostrar quão grande e importante é esse patrimônio jauense, que já foi ameaçado de vir abaixo. Aliás,já se perdeu muita coisa que foi derrubada para dar lugar a novos jazigos. Faz também visitas guiadas à Matriz NS do Patrocínio.
Júlio merece todo respeito e admiração pelo trabalho que realiza a favor da preservação da memória jauense.


O Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula abriga entre suas ruas escultura tumular assinada por um dos mais renomados artistas do gênero, o italiano Eugênio Prati, que se notabilizou no Brasil entre as décadas de 1920 e 1940 por seus trabalhos caracterizados por temas religiosos simbólicos.
A descoberta foi feita no último dia 24 de julho pelo historiador Júlio César Poli, 36 anos, coordenador do Projeto Arte Cemiterial, patrocinado pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Jaú.

Em suas pesquisas se deparou com a assinatura do artista em escultura que retrata uma mulher chorando, localizada no jazigo da família de Vitor Cesarino, na Quadra F, Rua F, nº 3.

O escultor disseminou seus trabalhos em cemitérios de várias cidades brasileiras, comumente encomendadas por famílias de posse. A escultura da mulher que se encontra no cemitério em Jaú também adorna jazigo no Cemitério da Consolação, em São Paulo, e em túmulo no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba, todas assinadas por Prati.
Para a presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais e vice-presidente da Red Iberoamericana de Valoración y Gestión de Cementerios Patrimoniales, Maria Elizia Borges, a descoberta de obra de Prati em Jaú é muito importante para o patrimônio histórico do Município. “O pesquisador que descobriu deve tentar fazer que a administração municipal realize o tombamento do jazigo, porque Prati foi um renomado e importante escultor.”
É justamente o que Júlio Poli antecipara pretender fazer. “A ideia é levar ao Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Jahu (Conppac) a importância do tombamento como patrimônio histórico da cidade”, afirma. “A importância dessa descoberta reafirma a qualidade do acervo que temos em arte cemiterial e a possibilidade de explorá-la turisticamente.”
Poli realiza trabalho de catalogação das esculturas tumulares em Jaú e há algum tempo vinha procurando por trabalhos assinados. “Quando encontrei a assinatura de Prati, entre o cotovelo e o joelho da estátua, foi uma emoção”, diz. “Tenho certeza que novas descobertas ainda nos aguardam no cemitério, que é um imenso museu a céu aberto.”
Eugênio Prati nasceu em Verona, em 1889, e morreu em São Paulo, em 1979, Escultor, pintor e desenhista, estudou na academia de Belas-Artes de Verona, participou de bienais de Veneza, expôs em Turim, Roma, Polônia, Florença e Milão.
O artista se mudou para São Paulo na década de 1920, época em que foram construídos os primeiros grandes monumentos funerários. “Abriu ateliê e recebia série de encomendas de arte funerária, que era uma maneira de subsistência”, comenta a professora Elizia Borges. Modelou um grande número de esculturas nas necrópoles paulistanas, principalmente no Cemitério São Paulo, nos jazigos de combatentes do Movimento Constitucionalista de 1932. Costumava assinar Prati e E. Prati.

Família

No jazigo onde está a obra de Prati estão encerrados os restos mortais de Vitor Cesarino, morto a 6 de agosto de 1938, sua esposa, a jauense Maria Augusta Ferreira do Amaral Cesarino, e quatro filhos do casal, entre eles o inventor da urna eleitoral de lona, Abílio Cesarino.
A filha do patriarca Vitor Cesarino, Maria Aparecida Cesarino, hoje com 91 anos, relata que a família encomendou o túmulo a uma marmoraria local, com alguém de nome Bonetti, e como haviam ouvido falar sobre Prati, escolheram uma de suas esculturas para ficar sobre o mármore. “Tinha de ser uma escultura que simbolizasse a dor pela perda dos que partiram, um simbolismo que transmitisse isso às pessoas.”
A museóloga e advogada Rachel Cesarino de Moraes Navarro, neta de Vitor Cesarino, diz que não sabia sobre a assinatura de Prati na escultura e, ao ser informada, teve surpresa agradável. “Sempre soube que meu avô e a família eram muito ligados à arte e cultura e isso vem comprovar o que sempre ouvimos falar.” (texto de José Renato de Almeida Prado, publicado no Comércio do Jahu do dia 31 de julho de 2010)

2 comentários:

  1. Obrigado Waldete pelo incentivo e pela divulgação do nosso modesto trabalho. Tudo por Jaú! Grande abraço.

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  2. O lado velho do cemitério jauense é uma enorme obra de arte abandonada "ao Deus dará". Uma coisa linda. Quanto ainda era "da Barra" e namorava e estudava na Industrial aqui em Jaú, às vezes ia ao cemitério me sentar entre as árvores e túmulos para absorver aquela paz. Continuo tonto ainda...

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